SINDRÔME DE JUDAS

SINDRÔME DE JUDAS

Estava pensando em escrever sobre algo que eu intitulei como Sindrôme de Judas e isto, ou este tema, tem tudo a ver com a função da igreja na sociedade, falo da igreja como instituição pois a Ekklesia, vai bem obrigado !! Mas falar da função da igreja na sociedade ficou um tema muito complexo, visto ao avanço do mundanismo e outras pragas que assolam o meio evângélico.

Nascí num lar cristão, numa destas igrejas tradicional e desde cedo aprendi que a igreja é o corpo místico de Cristo na terra, uma agência dos Céus para proclamar as boas novas, que são boas e novas, do evângélho, sendo assim um veículo de comunicação, “a boca de Deus” aqui na terra, devidamente preparada para cumprir o Ide de Jesus Cristo.  (Mateus 28:19.20).

Conheci minha esposa em uma igreja que não era da mesma denominação a qual fora criado, para dizer a verdade, uma denominação neo-pentencostal. Ai  aprendí muitas coisas boas e coisas não tão boas assim. Com o passar dos anos de namoro, aliás mais do que tinhamos planejado, iam surgindo as divergências de opinião e interpretação da palavra de Deus por parte de alguns familiares dela e alguns que estavam sempre por perto. Participei de vários eventos nesta igreja, foi um tempo de aprendizado, um tempo de novidade, algo que nunca tinha visto na igreja a qual pertencia, literalmente. Houve uma vez que uns “irmãos” foram ensinar a se gemer no espirito, não me perguntem o que venha a ser isto pois o que a palavra diz sobre isto, é que o Espirito Santo intercede por nós sobremaneira  com gemidos inexprimiveis, mas no tal estudo nós é que deveriamos gemer no espirito. Claro que passei o tempo todo do tal estudo conferindo os textos que me eram apresentados a ponto de chamar a atenção de um dos “ministrantes” por não estar comprando a ideia deles, na verdade não estava engulindo o tal estudo.

Para mim o final dos anos 80 e príncipio dos anos 90 foi um periodo de surgimento de muitos movimentos no meio cristão, muitas coisas nocivas, por sinal. Uma destas coisas nocivas foi a “capetologia da prosperidade” ou sindrome de Judas. Sindrôme de Judas é a inabilidade de se entender e receber o Reino de Deus. Para os que conhecem a história do povo de Israel, sabe muito bem a posição geográfica em que se encontram e como Israel foi atacada por diversos povos, tanto os do Sul quando queriam subir e atacar o povo do Norte ou vice-versa. Por esta razão umas das coisas que o povo Judeu mais queria era um lider, um rei, alguém com coragem e autoridade suficiente para tirar, para  derrubar o opressor. Neste cenário cruel e de opressão apareceu Jesus. Para começar o problema acerca de Jesus, os magos que foram visitá-lo após o nascimento, procuravam por um rei que estava por nascer, e isto já foi o suficiente para o rei Herodes mandar matar os recém nascidos da época. Jesus chegou anunciando o reino, Jesus apareceu mostrando a forma de viver no reino, muitos dos que seguiam a Jesus, não tinham a principio entendido este reino e muito menos este reinado. Fato é que passados quase 03 anos alguns dos que com ele andava ainda não tinham captado a essência do reino, ainda não tinham captado a transcendência do reino. Judas foi um destes, aliás o único que a Bíblia diz que se perdeu. Às vezes fico viajando na minha mente e pensando sobre o desespero de Judas toda vez que Jesus mencionava o reino. Imagino a agonia de Judas quando ele dizia frases tais como esta no evângélho de João 18:36, “O meu Reino não é deste mundo”…. Imagino que Judas entrava em “parafuso”, tipo, “o que ele esta querendo dizer com isto?” Você já parou para pensar sobre isto? Judas deveria entrar em despero, pois o que seria o libertador, como de fato ele o era, aquele que iria tirar Israel da mão da tirânia de Roma estava dizendo que o reino dele não era deste mundo. Quando eu era criânça lá em Belo Horizonte, na igreja Batista de Vista Alegre era muito bom! Iamos à escola dominical, diferente da “escola do mingau” de hoje em dia. Algo que sempre me chamou atenção eram os hinos, cada um mais bonito do que o outro e se cantava muito sobre o porvir, as mansões celestiais, aquelas mesmas que Jesus prometeu, Os hinos eram todos voltados para o Reino de Deus. Eramos lembrados do “Castelo Forte” que era nosso Deus e tinhamos a esperânça da vida eterna, ainda que algo totalmente abstrato, mas era algo bom, um sentimento gostoso de saber que havia algo mais, um porvir…”nome bom, doce a fé a esperânça no porvir….”. Tristemente nos nossos dias não se houve mais este tipo de música, o livro de Apocalipse que originanalmente era um livro para nos dar esperânça virou livro de terror para nos manipular e nos encher de medo. Será que estamos perdendo a essência do Evângélho? será que como Judas Iscariotes não estamos conseguindo captar a transcendência do Reino ?, Infelizmente sim ! estamos sendo consumidos pelo “capetalismo”, estamos perdendo nossas referências, nosso valores. Umas das coisas mais tristes que se vê aqui na Flórida é o distânciamento de Deus. Estamos sendo engulidos pelo consumismo, humanismo e pelo hedônismo, o mais interessante que há um tempo uma querida irmã estava conversando comigo e eu tentava explicar para ela a influência da filosofia na vida das pessoas, mas ela é daquelas que preferem culpar o diabo por tudo, não que não seja ele, mas estas filosofias ou formas de viver tem levado as pessoas a um afastamento de Deus, uma inversão de valores… O que importa é o “aqui e agora”, me lembrei daquele repórter policia Gil Gomes. Com certeza Deus quer nos ver próspero, no sentido real da palavra, não desta forma deturpada que a capetologia da prosperidade pinta por ai. Temos que voltar ao primeiro amor, temos que retornar à palavra, temos que ter o Reino de Deus como nossa bandeira, nosso alvo. Existe um paraiso, um reino, um céu para se buscar  e temos que fugir deste materialismo em nome de Deus (Mateus 6:33).

Poucos conseguem entender este reino, o por vir, o de fato mundo ideal. Hoje o porvir deu lugar a uma busca selvagem do ter, como dizia Gil Gomes, “Aqui, Agora”, não que ele se referisse a esta teologia do cão, acarretando com isto mentiras e ostentação de uns que tinham ou transparecia ter mais favores de Deus devido à um forma de se pensar e crer, de jejuar, orar mais, se santificar para convencer Deus a abençoá-los mais que os outros, não que estas práticas em sí sejam  errôneas, mas não podem de forma nenhuma serem usadas com a intenção de se obter um favor especial de Deus.

Que venha o reino !!
Deus não tem filhos favoritos !

Carlos Rizzon

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