Onde foram para os lideres?

Após quase uma década vivendo nos Estados Unidos e participando de diversas igrejas, principalmente atuando na área musical, tenho observado uma questão preocupante relacionada à liderança nas igrejas da comunidade brasileira, especialmente no sul da Flórida. Muitos líderes parecem não dar espaço para o desenvolvimento e atuação dos membros, a menos que estes estejam dispostos a se submeter a uma certa hierarquia ou possuam habilidades específicas, como tocar um instrumento musical onde não estará opinando.

Ao longo desse tempo, tenho percebido uma falta de identidade e propósito nas lideranças das igrejas. Muitos líderes parecem não cumprir efetivamente seu papel de fazer discípulos, ganhar pessoas para Jesus e equipar o corpo de Cristo. A incapacidade de levantar novos líderes e a resistência em permitir a participação ativa de membros comprometidos parecem ser um problema recorrente.

A situação descrita lembra um episódio narrado em um DVD do seminário Veredas Antigas, onde um coordenador na Nova Zelândia, apesar de solicitar recursos e apoio, não conseguiu levantar nenhum líder em seu país. Isso levanta a questão: onde estão os líderes nas igrejas dos Estados Unidos? Por que as igrejas parecem estagnar na faixa dos 70 a 50 membros?

A preferência por trazer líderes do Brasil ao invés de desenvolver líderes locais é notável. Isso pode ser motivado pela facilidade de manipulação de indivíduos recém-chegados, deslumbrados com a “beleza” da América, enquanto líderes locais podem representar uma ameaça ao status quo estabelecido.

A falta de confiança na escolha divina e a preferência por escolher líderes com base em critérios humanos podem resultar em equívocos e ineficiências nas igrejas. O texto bíblico que destaca a importância de rogar ao Senhor da seara para enviar trabalhadores parece ser ignorado, substituído pela escolha humana.

O relato de um pastor que afirmou não ter ninguém qualificado na igreja para ocupar um cargo de liderança evidencia a falta de preparo e confiança nas pessoas locais. Essa atitude contrasta com a história bíblica, onde Davi foi ungido rei pelo profeta Samuel sem precisar fazer média ou frequentar “a igreja de Samuel”.

A hierarquia inflexível em algumas denominações, que estabelece uma ordem específica para alcançar o pastorado, parece ser uma criação humana distante dos princípios bíblicos.

Diante desse cenário, é crucial que as igrejas busquem desenvolver lideranças locais, confiando na orientação divina, promovendo a participação ativa dos membros e permitindo que o corpo de Cristo cumpra seu papel de edificação mútua. Que a graça de Deus possa operar nesses ambientes eclesiásticos, capacitando líderes e impulsionando o crescimento genuíno das igrejas.

Carlos Rizzon

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