IGREJA URBANA

IGREJA URBANA: Reflexões sobre uma Jornada Transformadora

Por Carlos Rizzon

 

Fui abençoado com a oportunidade de estudar no Seminário Batista Brasileiro do Sul da Flórida, onde tive a honra de aprender com diversos professores, incluindo o inspirador Pastor e Missionário Luiz Amaro. Suas aulas de Filosofia e Epistemologia, aplicadas ao contexto bíblico, deixaram uma marca profunda em minha forma de pensar. O ano seguinte me levou à descoberta da conferência The Catalyst, realizada em Atlanta, Geórgia, e posso afirmar que fui verdadeiramente “catalisado”. O tema desta conferência de liderança, mesmo não tendo podido participar pessoalmente, confirmou muitos aspectos sobre como ser um verdadeiro cristão, não no contexto da era gospel, dos apaixonados ou dos extravagantes, mas como alguém que ouve as boas novas que, de fato, são boas e sempre renovadoras, pois o Senhor renova Sua palavra em nossos corações diariamente.

 

A visão da Igreja Urbana ganhou forma nesse cenário, nesse ambiente de Seminário Teológico, Veredas Antigas e The Catalyst. Foi a confirmação de muitas convicções. Um dos textos que mais ilustra a função ou missão urbana do evangelho está em João 4:23, onde Jesus diz: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.”

Este versículo representa um ponto crucial em que Jesus começa a manifestar a graça, quebrar paradigmas e estabelecer o reino para o qual Ele foi enviado. Ele oferece ao mundo o único meio possível de conexão com Deus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).

Jesus quebra um dos maiores paradigmas da igreja evangélica ao afirmar que não há um formato ou local predefinido para adorar a Deus, apenas a condição de ser em espírito e em verdade. Ao parar perto do Poço de Jacó, Jesus desafia as barreiras sociais e dialoga com uma mulher samaritana, demonstrando que a adoração verdadeira não está limitada a locais específicos.

A Igreja Urbana nasce dessa compreensão. Somos chamados a ser igreja mesmo quando não estamos fisicamente na reunião local. Quando comecei a trabalhar com o Seminário Veredas Antigas em 2002, tudo era novo, desde a mensagem até a visão, a forma de trabalho e a consideração da identidade, destino e propósito de Deus para cada um de nós.

O Pastor Craig Hill compartilhava uma perspectiva única, destacando que todos têm um chamado, não necessariamente ligado a funções eclesiásticas tradicionais. Ele ilustrava isso usando o exemplo de um marceneiro, enfatizando que qualquer atividade poderia ser uma oferta ao Senhor, feita com uma atitude de adoração.

Ao unir esses ensinamentos com as lições de filosofia e as experiências enriquecedoras do The Catalyst, minha compreensão se expandiu ao longo de vários anos. A Igreja Urbana que acreditamos é viva e apostólica, conforme descrito em Atos 2:42-47. Ela está em todos os lugares onde o povo de Deus está, no cotidiano, nas interações com os outros, nas negociações comerciais e no trânsito, sempre com uma atitude de adoração em espírito e em verdade.

A Igreja Urbana é uma comunidade conectada a Deus, apostólica em suas ações e dedicada à adoração autêntica. Somos chamados a estar além dos limites tradicionais, a viver o evangelho em todos os aspectos de nossas vidas. Como disse Agostinho: “Pregue o Evangelho; se necessário, use palavras.”

Assim, a jornada continua, pois somos chamados para fora, proclamando a mensagem transformadora do evangelho em todos os lugares e em todas as circunstâncias.

 

Belo Horizonte, 22/05/2008

Carlos Rizzon

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