Tem gente que pensa que gente se entrega a outra gente e nada acontece. Tem gente que se dá a outra gente sem saber que a gente é feita de gente. Tem gente que se ilude com a idéia de que gente não transfere gente para outra gente. Tem gente que não entende que gente é contagiada quando se faz ‘um’ com outra gente. Tem gente que pensa que é brincadeira quando Deus diz pra gente não misturar o espírito com o espírito de certas gentes.
Sim, gente passa gente pra gente!
“Serão os dois uma só carne…”
“Faz-se um com ela…”
“Grande é este mistério…”
Paulo disse que na união conjugal tais ‘misturas’ atingem seu clímax para o bem, mas também pode ser para o mal.
Ele diz: “…dela cuida como de sua própria carne…”
E mais: “… posto que já não são dois, porém um…”
E em outro lugar: “… a mulher crente, santifica o marido incrédulo… de outra sorte seriam impuros…”
Eu creio em vampiros psicológicos, em seres que comem você por dentro, em relacionamentos que são como o ‘bicho da goiaba”, o amazonense “tapurú”.
Ninguém se une a ninguém sem contágio, para o bem ou para o mal.
Uniões têm o poder de mudar interiores, alterar almas, atingir o espírito.
Se alguém sai de casa e contrata uma prostituta, e faz isso uma vez, corre o risco de contaminar-se fisicamente, e, pode desenvolver um vício para a alma.
Mas se alguém sai de casa sempre para se prostituir, essa pessoa, mesmo que mude de prostituta todas as vezes, será contaminada, não necessariamente no corpo, e não necessariamente pelo espírito de uma delas, mas com certeza o será pelo “espírito de prostituição”, que não é algo muito forte na prostituta—que não se entrega por prazer—, mas o é na alma do freguês, visto que ele sim, procura ‘algo’ com avidez física e psicológica.
Amizades longas com pessoas ruins podem acabar com a gente. Mas amizades curtas e breves também têm o poder de contaminar, e desviar um ser humano de seu caminho.
Nada, porém, é mais profundo no seu poder de contágio do que uma união conjugal.
Nesse caso, se as pessoas são de espírito bom, mesmo que não se amem, provavelmente não se façam mal.
Mas se ambas ou apenas uma delas for de ‘outro espírito’, então, é muito difícil que o parceiro não seja contaminado na alma.
Por esta razão nada há melhor do que a união de duas pessoas do mesmo bom espírito, especialmente se tiverem a ventura de se encontrar bem cedo na vida, e se manterem em união por toda a vida.
Tais pessoas são as mais leves, livres, felizes, e simples!
Há quem queira muita ‘variedade’…
Meu Deus, que ilusão!
Mal sabem que a tal ‘variedade’ vai deixando gambiarras penduradas pela gente, como fios desencapados e ‘em curto’.
Se pudéssemos ver espiritualmente tais pessoas, as veríamos como troncos cheios de cabeças, braços, olhos, e pernas.
Sim, completamente monstrificadas…
Simbiotizadas de tantas formas e de tantas maneiras, que elas mesmas assustar-se-iam se pudessem se enxergar.
Mas não é preciso enxergar para ver. Basta que se olhe para dentro do coração, para as legiões de seres…, para sentimentos que cada vez mais se complexificam na alma, para mentes cada vez mais compartilhadas pelos entes psicológicos que foram sendo agregados no caminho.
Por isso o homem de coração simples é bem mais feliz do que aquele que sofisticadamente se auto-designa de complexo.
Quando a sabedoria ordena ao jovem que guarde puro o seu coração, que simplifique os seus caminhos, e que seja focado em seus sentimentos, ela quer apenas dizer o que acabei de expor.
Sim, não é nada moral, como se pensa. Mas sim é algo que tem a ver com a saúde do ser, com a paz para viver, com a unicidade existencial, com a pureza psicológica.
Hoje, porém, é moda ser infeliz, complexo, sensível (significando ‘sofrido’), indecifrável, misturado, multiuso…, de tal modo que essa pessoa tem que ter ‘seu próprio analista’.
Toda gente é uma ‘mistura’ de todas as gentes que passaram pelo coração, para o bem e para o mal.
Nessa viagem da formação do ser há aquelas pessoas que são inevitáveis para nós, como os pais e os irmãos—nossos primeiros e involuntários casamentos na existência.
Ora, muitos são os estragos que essa ‘mistura’ pode causar quando mal discernida.
As piores misturas, todavia, são aquelas que escolhemos—consciente ou inconscientemente—para viver e fazer parte da gente pela via da união.
Uniões são coisa muito séria…
Sim, elas podem nos erguer ou nos afundar; podem nos abençoar ou nos amaldiçoar; podem nos trazer paz ou podem nos trazer angustias; podem nos salvar ou nos destruir.
Por isso, se você está só, ou vindo de algo que como ‘união’ fez mal a você, não tenha pressa. Abrace sua solidão com respeito e dignidade, e agradeça a Deus o livramento. E não sucumba à tirania de se fazer acompanhar. Afinal, veja bem quem vai lhe ‘acompanhar’.
Mas se você está lendo isso e pensando: “E agora? Depois de tanto ‘experimento’, ainda haverá esperança para mim?”
Eu lhe digo:
Sempre há esperança. O Espírito Santo é real. O amor de Deus limpa e cura. Mas o homem haverá de ser curado enquanto discerne cada pedaço de outros que foram largados no baú de sua alma. E terá que ter a coragem de discerni-los e jogá-los para fora de si mesmo.
Ora, tal cura implica em discernir ‘qual carne e qual sangue’ fazem parte de nossa ‘comunhão’ existencial e espiritual. E obviamente isto só tem a ver com quem permitimos entrar e ter algum pedaço de nós, especialmente em uniões.
Tal exercício de discernimento é doloroso, porém libertador.
E se você discernir tais espíritos na presente constituição de sua alma, mande-os sair… pois eles sairão.
Depois disso, todavia, encha a sua ‘casa’ do que é bom, e não a deixe vazia, posto que essas coisas se vão… mas de vez em quando voltam a fim de ver como anda o lugar antes ocupado, conforme nos ensinou Jesus, tanto sobre espíritos demônios, quanto também acerca de qualquer espírito, inclusive os espíritos dos humanos que já nos possuíram ou tentaram faze-lo.
Esses ‘entes’, todavia, cansam de voltar. E é assim que se vai alcançando paz mais e mais…
Ora, é por tudo isso que lhe peço:
Veja bem com quem você está se unindo.
E mais:
Veja bem que espíritos você contraiu durante vínculos adoecidos.
E, assim, trazendo todas as coisas para a luz, deixe que a verdade expurgue de seu ser aquilo que não é você.
E não esqueça:
É na Luz e na Comunhão verdadeira que o Sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
“Pois se andarmos na luz, como Ele na luz está; mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Seu filho, nos purifica de todo pecado”.
Nele, Pr. Caio Fabio
Lago Norte
Brasília